Há muitos anos atrás, na bela cidade do Porto vivia uma grande família que era muito rica.
Na altura do Natal essa família refugiava-se em casa e não festejava essa época maravilhosa. Ninguém sabia porquê, mas pensava-se que pertenciam a uma religião diferente.
Numa noite fria e de tempestade, todos à frente da lareira que os aquecia e iluminava, conversavam alegremente até que Pedro, o membro mais novo da família com doze anos perguntou:
-Mãe, por que é que não celebramos o Natal?
Ela permaneceu calada sem saber o que dizer, mas de repente ouviu-se uma voz:
-Celeste, não vamos mentir ao nosso filho – disse Joaquim, pai do Pedro
-Tens razão, ele já tem idade suficiente para compreender! Pedro, há treze anos atrás, na véspera de Natal, o teu primo morreu com uma doença desconhecida. A partir desse dia, achamos que em honra da morte dele, não deveríamos celebrar o Natal.
-Mas mãe, eu quero celebrar o Natal como todas as outras crianças. Quero fazer o presépio, cortar o pinheiro e, principalmente, sentir o espírito natalício.
-Não Pedro, nós nunca iremos celebrar o Natal.
Aborrecido, Pedro correu para o seu quarto. A meio da noite, depois de se certificar que estavam todos a dormir, pegou no seu saco e saltou pela janela. Antes de fugir, o rapaz deixou um bilhete na mesa da cozinha onde deu a conhecer as razões da sua fuga, explicando que fora à procura de uma família que o acolhesse e onde celebrasse o Natal.
Na manhã seguinte, ao ler o bilhete deixado pelo filho, Celeste apressou-se a acordar o resto da família para lhes contar o sucedido.
Por seu lado, Pedro encontrava-se perdido, mas feliz. Só de pensar que pela primeira vez iria celebrar o Natal, não sentia o frio nem a solidão.
Os dias foram passando e a família de Pedro estava cada vez mais preocupada. Já o tinham procurado pela cidade, afixado cartazes em todos os locais públicos e até deram a conhecer o desaparecimento à polícia.
Chegada a véspera de Natal, Pedro vagueava pelas ruas e em todas as casas via grandes famílias a fazerem os últimos preparativos para a ceia. Ao ver aquela felicidade sentiu-se triste, pois ninguém o tinha acolhido e começou a perceber que não tomara a atitude mais correcta ao fugir de casa, pois a sua família só estava a respeitar a morte de um ente querido. Então, ao pensar no mal que fez à sua família, começou a chorar e uma mendiga que o observava há algum tempo, aproximou-se e perguntou:
-O que é que se passa, rapaz?
Pedro contou tudo que se tinha passado desde que teve a conversa com a mãe àquela simpática senhora. Depois de ouvir a história de Pedro, a mendiga ficou muito impressionada e disse:
-Eu chamo-me Catarina e tu como é que te chamas?
- O meu nome é Pedro.
-Pedro, ainda te lembras onde moravas?
-Lembro-me. Eu morava numa casa amarela. Era a maior e ficava à beira do rio Douro.
-Eu sei qual é. Se quiseres, eu levo-te lá.
-A sério?! Eu adorava!
Dizendo isto, ele abraçou-se àquela nobre mendiga. Pedro e Catarina dirigiram-se para casa do rapaz e ,quando lá chegaram, já era de noite.
Pedro bateu à porta e foi a sua mãe que a veio abrir. Ao ver o seu filho, gritou de alegria a abraçou-o com toda a força. Entraram em casa e Catarina foi-se embora, mas Pedro saiu dos braços da mãe e correu a chamar Catarina:
-Catarina, não vás embora. Passa aqui a noite de Natal.
-Sim fica. Tu ajudaste o meu filho a voltar para casa e nada que eu possa fazer vai mostrar a minha gratidão. Adorávamos que ficasses para celebrar o dia de Natal connosco.
-Estão a falar a sério?! Eu adorava ficar aqui convosco - disse Catarina toda animada e quase a chorar de felicidade.
-Ainda bem – disse Pedro a sorrir.
-Pedro, temos uma surpresa para ti – disse Celeste – Eu e o resto da família queríamos pedir-te desculpa porque de certa forma a morte do teu primo não devia ter influenciado o nosso espírito natalício.
- Não, mãe, eu é que estava errado. Vocês fizeram isso em honra da sua morte e eu provavelmente também faria o mesmo.
- Ainda bem que voltaste, meu filho, estávamos cheios de saudades tuas. Mas agora gostaria que viesses à sala para ver o que nós preparámos para ti.
Ao chegar à sala, o rapaz ficou felicíssimo pois viu um presépio e um belo pinheiro. Com saudades, Pedro apressou-se a abraçar todos os membros da família que ficaram muito felizes por o voltarem a ver.
Jessica e Ana Isabel - 8º C
Sem comentários:
Enviar um comentário